terça-feira, 15 de outubro de 2013

A paranoia verde

Quando vejo artigos ainda hoje falando do fim dos recursos naturais, e todo tipo de apocalipse ecológico, mesmo isso tudo já tendo sido desmentido mil vezes e ainda sendo amplamente explorado pela mídia e por todo tipo de profissional que pretende salvar o mundo, fico intrigado.

Em particular na área de arquitetura. Usam isso pra justificar todo tipo de soluções. Desde produtos e inovações tecnológicos até retrocessos estilísticos poéticos que custam tão caro quanto o primeiro. Ora colocando a culpa no excesso de tecnologia, ora na falta dela. Fora a dualidade evidente entre os dois discursos, enxergar a tecnologia como sendo a única possibilidade do salvamento, ou do fim do mundo, é no mínimo exagerada! E é muita irresponsabilidade dos profissionais que usam isso pra vender mais e querendo ou não distorcem completamente o significado das palavras sustentabilidade e ecologia sem a menor noção do dano que isso pode causar.
Para esclarecer aqui uma coisa, sustentabilidade é a capacidade de se sustentar, a única coisa que permite que um ser humano ter sobrevivido no mundo até hoje, é a sua inteligência (desculpa por lembrar o óbvio). E ecologia é a ciência que estuda a reverberação no ambiente, ou as interações coletivas. Mas parece, ao meu ver, que nenhuma das soluções apontadas vão muito nesse caminho. Pois se as premissas desse debate são completamente malucas, os discursos que embasam as soluções vão na direção oposta ao significado da palavras ecologia e sustentabilidade. Particularmente o discurso ambientalista é o que mais me assusta. Alega que os recursos do planeta estão desaparecendo, plantas, agua, etc. (dá uma olhada no google earth e me diz se eu estou sonhando) e a partir dessa premissa maluca propõem que o homem, para se tornar sustentável, se torne individualista, ou seja, plante sua própria batata no quintal. Caramba! Não existe nada menos-ecológico que isso. Imagina você passando 18 horas de trabalho com todos seus afazeres agrícolas sozinho por dia e ainda só tendo direito a comer a batata que produz! Essa teoria pode piorar, pois junto com essa ideia, vem toda uma retórica new age, importada sei lá de onde, onde a vida de uma árvore, um cachorro, uma vaca ou um ser humano tem o mesmo valor. Que no fundo propõe que o homem volte ao se equiparar ao reino animal! Não tem nada menos sustentável que um animal, a não ser que eles mesmos também estejam sujeito às necessidades alimentares de outros animais. A famosa cadeia alimentar. E nós não queremos isso certo? Mas a opção tecnológica, é tão absurda quanto. Eles propõe um mundo onde tudo depende de um computador e da energia elétrica, portanto quando der um apagão, toda a inteligência que não esta mais nas mãos dos homens, mas destinada aos procedimentos automatizados se transforma em burrice instantaneamente. E os habitantes dessa geringonça se tornam vítimas da sua própria criação ficando a mercê do mais puro estado primitivo, apocalíptico, desprovidos de qualquer tecnologia e ainda mais desacostumados aos afazeres braçais sem a menor capacidade de se virar pra nada. E como já foi dito, se tem alguma coisa insustentável mesmo é a burrice.
Será que não podemos ter um pouco mais de esperança na inteligência ou na generosidade humana, temos que partir sempre do princípio que o homem é uma praga coletiva que vai devastar o mundo e a si mesmo se deixado sozinho por um minuto? Será que não poderíamos olhar para a humanidade, para a nossa sociedade, com um pouco mais de respeito, sem querer o tempo todo ficar salvando ela dela mesma? Será que não podemos olhar para as coisas boas que a humanidade alcançou, todas as grandes civilizações, as pirâmides, as catedrais, os grandes homens que pisaram nessa terra, como Santos Dumont, Albert Einstein, Platão, etc. E chegar a concluir que nós podemos sentir orgulho de fazer parte dessa espécie? E que se tem alguém que precisa de ajuda não é a humanidade, mas a nossa auto estima.